Depois da morte de Henrique VIII, assume o trono Eduardo VI que por ser
ainda muito jovem, recebe como “protetor” o duque de Somerset. Este período
será marcado por uma grande influência protestante principalmente em questões
litúrgicas. Os seis artigos foram abolidos e a comunhão passou a ser recebida
nas duas espécies; o celibato clerical foi revogado; as imagens foram retiradas
e da missa foi eliminado seu caráter sacrifical através da aprovação
pelo
parlamento do Livro de Oração Comum (1549) redigido por Cranmer.
Com a substituição de Somerset por Warwick, a Igreja da Inglaterra
recebeu uma influência calvinista ainda maior. Esta influência se manifestou
principalmente na reforma do Livro de Oração Comum, na substituição dos altares
de pedra por mesas de madeira, abolindo a oração pelos mortos e reduzindo as
vestes litúrgicas, e na publicação de uma confissão de fé conhecida como os
quarenta e dois artigos. O que estava por traz de tudo isso era o desejo de Cranmer de simplificar
a complexa estrutura das cerimônias medievais aproximando a liturgia inglesa o
mais possível das práticas da Igreja primitiva.
Depois da morte de Eduardo VI (1553), sobe ao trono sua irmã Maria Tudor; que era profundamente católica. A Inglaterra consegue a reconciliação com Roma a 30 de novembro
de 1554 e a absolvição do pecado de heresia para toda a nação inglesa. Seu
reinado, no entanto, ficará marcado pela perseguição que ela receberá o epíteto
de “Sanguinária”.
- De fato as mais de trezentas execuções, dentre as quais Cranmer e
Latimer, imprimiram na consciência dos ingleses um profundo antipapista. A
perseguição imposta por Maria fez com que inúmeros lideres reformados fugissem
para o continente, uns para Alemanha de Lutero e outros para Genebra de
Calvino.
Em 1558, sobe ao trono Elizabeth, que em menos de um ano aprova a Igreja
Anglicana, o Ato de Supremacia e o Ato de Uniformidade. Com o primeiro, a
rainha se declara “suprema regente” da Igreja e do Estado, abolindo assim a
jurisdição de qualquer estrangeiro, seja príncipe, prelado ou potentado sobre a
Igreja; e com o segundo, impunha como “único livro oficial” de culto o Livro de
Oração Comum (1559), com algumas modificações: Sancionava as antigas vestes litúrgica e limitava a ostensiva influencia
calvinista nos ritos. Os estudiosos são unânimes em afirmar que com estes dois
atos a Igreja Anglicana define-se conscientemente como uma Via Média, que não
pretendia voltar para Roma nem ceder ás pressões de Genebra. Um exemplo dessa
postura ocorrerá em 1563 quando os Quarenta e dois Artigos são reduzidos para
Trinta e Nove, declarando assim uma fé simultaneamente Católica e Reformada
(justificação imputada por fé, falibilidade dos concílios, etc.).
- O
teólogo católico romano Hans King no seu livro Christianity: essence, history
and future, tenta explicar como esta Igreja consegue combinar os paradigmas
católicos e reformados, dizendo que o anglicanismo conseguiu guardar as
Escrituras e ao mesmo tempo a Tradição; a ordem litúrgica tradicional e ao
mesmo tempo a reforma flexível e finalmente, uma estrutura episcopal oficial de
ministério ao lado de uma tolerância generosa.
Por Rev. Pe. Wanderson Rodrigo
www.facebook.com/wandersonrodrigopereiradasilva.silva
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