sexta-feira, 8 de julho de 2016

Livro de Oração Comum de 1549

Depois da morte de Henrique VIII, assume o trono Eduardo VI que por ser ainda muito jovem, recebe como “protetor” o duque de Somerset. Este período será marcado por uma grande influência protestante principalmente em questões litúrgicas. Os seis artigos foram abolidos e a comunhão passou a ser recebida nas duas espécies; o celibato clerical foi revogado; as imagens foram retiradas e da missa foi eliminado seu caráter sacrifical através da aprovação
pelo parlamento do Livro de Oração Comum (1549) redigido por Cranmer.

Com a substituição de Somerset por Warwick, a Igreja da Inglaterra recebeu uma influência calvinista ainda maior. Esta influência se manifestou principalmente na reforma do Livro de Oração Comum, na substituição dos altares de pedra por mesas de madeira, abolindo a oração pelos mortos e reduzindo as vestes litúrgicas, e na publicação de uma confissão de fé conhecida como os quarenta e dois artigos. O que estava por traz de tudo isso era o desejo de Cranmer de simplificar a complexa estrutura das cerimônias medievais aproximando a liturgia inglesa o mais possível das práticas da Igreja primitiva.

Depois da morte de Eduardo VI (1553), sobe ao trono sua irmã Maria Tudor; que era profundamente católica. A Inglaterra consegue a reconciliação com Roma a 30 de novembro de 1554 e a absolvição do pecado de heresia para toda a nação inglesa. Seu reinado, no entanto, ficará marcado pela perseguição que ela receberá o epíteto de “Sanguinária”.

De fato as mais de trezentas execuções, dentre as quais Cranmer e Latimer, imprimiram na consciência dos ingleses um profundo antipapista. A perseguição imposta por Maria fez com que inúmeros lideres reformados fugissem para o continente, uns para Alemanha de Lutero e outros para Genebra de Calvino.

Em 1558, sobe ao trono Elizabeth, que em menos de um ano aprova a Igreja Anglicana, o Ato de Supremacia e o Ato de Uniformidade. Com o primeiro, a rainha se declara “suprema regente” da Igreja e do Estado, abolindo assim a jurisdição de qualquer estrangeiro, seja príncipe, prelado ou potentado sobre a Igreja; e com o segundo, impunha como “único livro oficial” de culto o Livro de Oração Comum (1559), com algumas modificações: Sancionava as antigas vestes litúrgica e limitava a ostensiva influencia calvinista nos ritos. Os estudiosos são unânimes em afirmar que com estes dois atos a Igreja Anglicana define-se conscientemente como uma Via Média, que não pretendia voltar para Roma nem ceder ás pressões de Genebra. Um exemplo dessa postura ocorrerá em 1563 quando os Quarenta e dois Artigos são reduzidos para Trinta e Nove, declarando assim uma fé simultaneamente Católica e Reformada (justificação imputada por fé, falibilidade dos concílios, etc.).

O teólogo católico romano Hans King no seu livro Christianity: essence, history and future, tenta explicar como esta Igreja consegue combinar os paradigmas católicos e reformados, dizendo que o anglicanismo conseguiu guardar as Escrituras e ao mesmo tempo a Tradição; a ordem litúrgica tradicional e ao mesmo tempo a reforma flexível e finalmente, uma estrutura episcopal oficial de ministério ao lado de uma tolerância generosa.

Por Rev. Pe. Wanderson Rodrigo
www.facebook.com/wandersonrodrigopereiradasilva.silva


 
  
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário